Nutricionista fala sobre o açaí e as melhores formas de consumo

Nutritivo e popular em todos os cantos do Brasil, o açaí em forma de creme é uma tradição que começou na praia, foi para as academias e tem ganhando cada vez mais espaço em todos os segmentos de público que procuram por uma alimentação natural, saudável e energética. Afinal, a fruta escura de sabor terroso, além de possuir uma alta concentração de vitaminas, traz diversos benefícios à saúde.

De acordo com Ivete Oliveira, nutricionista do Hospital Geral do Estado (HGE), o aumento do consumo e a comercialização da fruta podem ser atribuídos às suas propriedades nutricionais, pois é um alimento rico em proteínas, fibras, lipídios, vitaminas, como a C, e minerais, a exemplo do potássio, cálcio, magnésio, fósforo, zinco, dentre outros compostos benéficos à saúde que atuam como antioxidantes, protegendo o organismo contra a ação de radicais livres, ou seja, substâncias que favorecem o envelhecimento celular.

Quando comparado com as frutas vermelhas (amora, morango, cereja, framboesa) o açaí é o que tem maior teor de antioxidante (antocianinas), contendo cerca de 1,02 /100 g de extrato seco. “O açaí possui mais propriedades do que a uva e, devido à cor arroxeada, é rico em flavonóides, que ajuda no combate aos danos causados pelo estresse oxidativo, auxiliando na saúde celular e, consequentemente, protegendo a saúde do coração, uma vez que ele diminui as taxas do colesterol ruim, o LDL, e aumenta o colesterol bom, o HDL, além de melhorar a circulação sanguínea, evitando o surgimento de varizes”, explicou a nutricionista.

Por possuir ácido oleico, a fruta ajuda no combate ao câncer, retardando o desenvolvimento de tumores. O açaí ajuda a prevenir também o processo conhecido como desmineralização óssea – a “famosa” osteoporose, o que gera uma fragilidade na estrutura do osso da população idosa, em especial as mulheres. Afinal de contas, é um alimento rico em cálcio e potássio, além do ferro, que previne e combate a anemia.

“O corpo humano necessita diariamente de 12 mg de ferro. O açaí possui 11,8 mg, em 100 g por porção, isso sem nenhum incremento, apenas a polpa em si”, explicou Ivete Oliveira.

Como toda fruta, o açaí também é uma excelente fonte de fibras. Essa quantidade presente é o suficiente para que haja ótima saciedade de quem o consome. Portanto, a fruta ajuda nas dietas. O lado que pode acarretar em algum problema a quem deseja emagrecer deve-se ao fato de ele ser rico em carboidratos.

Entretanto, se a pessoa pratica atividades físicas regularmente, esses carboidratos, caso consumidos de maneira correta, isto é, sem exageros, não tendem a preocupar. A não ser que a pessoa tenha diabetes, pois os cuidados devem ser redobrados. “O diabético pode comer o açaí, desde que ele não consuma com banana, pois a fruta tem carboidrato que se transforma em açúcar no nosso corpo. O ideal é consumi-lo com granola sem açúcar”, recomenda.

Cem gramas do fruto têm em média 247 calorias, ou seja, um alto valor calórico. Quando consumido na forma de polpa com xarope de guaraná e outros incrementos, como leite condensado, paçoca, amendoim, castanha-do-pará, flocos de arroz, granola e coberturas, o valor calórico vai para 400 calorias em cem gramas.

Para obter os benefícios que o açaí pode oferecer sem abusar nas calorias, deve-se consumir 100 g somente uma vez ao dia. Não exagere na quantidade e nas porções. Faça o uso a cada três ou quatro dias. Para evitar que o açaí se torne um alimento altamente calórico, a dica é adicionar em 100 g de polpa, uma banana e 100 ml de água, e bater tudo no liquidificador. “Devemos evitar o consumo de açúcar, pois as frutas já possuem essa substância natural, que é a frutose”, alerta.

Benefícios para os amantes de atividades físicas

Para quem pratica exercícios físicos, o açaí é uma excelente fonte de energia por conta da sua já conhecida quantidade de carboidratos. É ideal para quem pretende aumentar a massa muscular e também repor, de maneira rápida, a glicose perdida durante os treinos. Contudo, se a quantidade que o corpo consegue guardar é excedida, pode aparecer problemas como gordura localizada e até mesmo a possibilidade de desenvolver diabetes.

Amor à segunda colherada

O primeiro contato com o fruta foi em Manaus. No início, a empresária carioca Viviane Pessanha, de 38 anos, experimentou e não gostou do sabor, visto que os manauaras consomem o açaí natural, misturado com farofa, camarão e peixe. Mas, depois que começaram a misturar o xarope de guaraná na polpa para que ela ficasse mais doce e fosse servida geladinha, sua vida mudou. Praticante do crossfit e da corrida, Pessanha não dispensa a polpa em forma de creme antes dos treinos e no tempo livre com a sua família. Consome, em média, quatro vezes por semana. “Eu gosto tanto do açaí em tigela que eu passei a consumi-lo quando vou à praia com minha família e antes das atividades físicas. Ajuda-me a ter mais disposição no dia a dia. É um lanche rápido e muito saudável. Gosto de saboreá-lo só com banana e granola, pois acho mais saudável”, contou. “E, claro, além de ser muito saboroso, ele está deixando a minha pele mais bonita”.

Contaminação com a Doença de Chagas

Já havia a associação da fruta à Doença de Chagas, mas os dados eram apenas epidemiológicos, sem comprovação científica. Ivete Oliveira explica que o açaí faz parte da base alimentar dos habitantes do Pará, onde desde crianças até idosos consomem a fruta diariamente. Bastante abundante na região, o alimento é encontrado em feiras e mercados em estado natural, sem passar pelo processo de industrialização que conserva o produto para venda em outras regiões do Brasil e no exterior.

A Doença de Chagas é infecciosa causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que pode ser adquirida por meio do contato com as fezes do barbeiro, seja pela pele, seja via oral. Entre os principais sintomas estão febre, inchaço e problemas cardíacos, que, em estado mais avançado, levam o paciente à morte. Testes realizados pelos pesquisadores, e publicados na revista Advances in Food and Nutrition Research, mostraram que o protozoário causador da Doença de Chagas é capaz de sobreviver na polpa da fruta tanto em temperatura ambiente, como a 4°C, temperatura média de uma geladeira, e até a -20°C, no açaí congelado.

A nutricionista explica que não há motivos para descartar o consumo de açaí, pois não há relação direta entre a fruta e a doença. A contaminação ocorre quando há falta de higiene.

Segundo ela, as polpas industrializadas levam muito conservantes, corantes, acidulantes e estabilizantes, substâncias que com o passar do tempo, quando consumidas com certa frequência, podem prejudicar o coração e os rins.

“Embora ele seja responsável pela regulação da quantidade de líquidos que ficam dentro e fora das células. Quando há excesso dessa substância, ocorre um aumento no volume desses líquidos. O organismo retém mais água, o que aumenta o volume sanguíneo, sobrecarregando o coração e os rins, o que pode levar à hipertensão. Em linha geral, a pressão alta prejudica a flexibilidade das artérias e ataca a parede dos vasos sanguíneos, levando a problemas no coração, rins e o cérebro”, destacou.

Fonte: http://novoextra.com.br/